Graças ao apoio concedido pelo Programa Ibermúsicas através da Convocatoria 2023 de “Ayuda a compositores para residencias artísticas”, o jovem compositor paraguaio Mateo Servián Sforza realizará uma residência criativa na cidade de Buenos Aires (Argentina) na qual colaborará com o Ensamble Tropi, um prestigioso ensamble argentino dedicado à música contemporânea. A residência terminará com a estreia da obra “Cromatropo [0, 49, 83]” num concerto a realizar pelo Ensamble Tropi no Centro Cultural Recoleta em Buenos Aires.
Durante a residência de três semanas, o compositor trabalhará em conjunto com os músicos do Ensamble em ensaios musicais individuais e de grupo, com o objetivo de finalizar os detalhes da partitura e, ao mesmo tempo, aprofundar a interpretação do Ensamble, de forma a preparar a estreia da obra.
A composição, instrumentada para flauta, percussão, guitarra eléctrica e violoncelo, explora o conceito musical de “timbre”, experimentando possibilidades sonoras não convencionais através de uma abordagem fenomenológica que considera a dimensão da cor como o ponto de partida da linguagem, e não como um mero acessório decorativo. Figurações sonoras emergem de um magma pulsante, num fluxo de pura energia acústica em contínua transformação.
O título da obra remete, por um lado, para o conceito de “movimento da cor”, uma vez que em grego o termo chroma significa cor e tropos significa mudança ou direção; a união destes termos gregos deu origem, no século XVI, à palavra “cromatópio”, que designava um aparelho que produzia imagens coloridas em movimento através da sobreposição de dois vidros pintados. Da mesma forma, os números 0, 49, 83 presentes no título correspondem ao código RGB da cor denominada “azul da Prússia”, que se relaciona com o repertório escolhido pelo Ensemble Tropi para o concerto de estreia, sendo construído em torno da Oferenda Musical de J. S. Bach, uma obra monumental criada pelo compositor alemão a partir de um tema musical ditado pelo rei Frederico II da Prússia.
Mateo Servián Sforza nasceu em 1991 em Asunción (Paraguai) e estudou composição com Mario Garuti no Conservatório de Milão. Participou também em masterclasses e seminários ministrados por importantes compositores. Recebeu duas vezes o Prémio de Composição do Programa Ibermúsicas, em 2021 e 2022, bem como a Menção Honrosa do Prémio Nacional de Música do Paraguai na sua edição de 2023. As suas composições têm sido apresentadas em importantes festivais dedicados à música contemporânea. Estudou piano no Conservatório de Roma e, posteriormente, no Conservatório de Milão, onde concluiu o Mestrado em Piano com uma excelente classificação final, tendo depois estudado com Daniel Rivera. Apresentou-se como solista e em grupos de câmara, tocando em importantes salas de concerto. Apresentou-se como solista com a Orquestra Sinfónica do Congresso do Paraguai e a Orquestra Sinfónica da Cidade de Assunção. Colabora regularmente com a mezzo-soprano italiana Eleonora de Prez: o duo ganhou o Prémio Nacional para as Artes do Governo Italiano (na categoria de Música de Câmara Vocal da Edição 2020), o Primeiro Prémio Absoluto do 19º Concurso “Seghizzi” de Gorizia, e o Prémio FIDAPA do 6º Concurso “Elsa Respighi” de Verona. Lecionou como professor convidado no Conservatório “Franco Vittadini” de Pavia (Itália). Também deu seminários e workshops no Conservatório Nacional do Paraguai e na Universidade Nacional de Asunción.
O Ensamble Tropi é um conjunto estável dedicado à difusão da música de câmara dos séculos XX e XXI. Foi fundado em maio de 2008 e, desde então, as suas actuações no panorama musical argentino têm merecido os comentários mais elogiosos, tanto do público como da imprensa especializada, tornando-o num dos mais prestigiados ensembles de música contemporânea da Argentina atual e consolidando a sua posição como um ensemble de renome internacional.O seu repertório caracteriza-se pela abordagem de obras de música de câmara de compositores internacionais, argentinos e latino-americanos, bem como pela permanente encomenda de jovens compositores.Para além das apresentações em concerto, a versatilidade das suas propostas artísticas inclui a interação com as novas tecnologias, a ópera de câmara, os espectáculos de dança e o teatro instrumental. Ao longo da sua carreira, o Ensamble Tropi estreou 23 obras de compositores argentinos, bem como primeiras apresentações no país de obras de câmara de Pierluigi Billone, Mark André, Rebecca Saunders, Chaya Czernowin, Salvatore Sciarrino, Mauricio Kagel, Eblis Álvarez, Niccolo Castiglioni, Simón Steen-Andersen, Marc Sabat. Paralelamente à sua atividade artística, o Ensamble Tropi desenvolve uma intensa atividade pedagógica, dando concertos e aulas em várias instituições de ensino. Desde 2009, está ligado ao Diploma de Música Contemporânea do Conservatório Superior de Música Manuel de Falla. Os membros do Ensamble Tropi são: Sebastián Tellado (flauta), Florencia Ciaffone (violino), Manuel Moreno (guitarra), Juan Ignacio Zubiaurre (violoncelo), Constancia Moroni (clarinete), Malena Levin (piano) e Juan Denari (percussão).
Programa:
- GYÖRGY KURTÁG: De Machaut a Bach
- S. BACH: Canon per augmentatione contrario motu * (Cânone por aumentação e motu contrário *)
- S. BACH: Cânone a 4 Quaerendo Invenietis *
- JULIO MARTÍN VIERA: Passacaglia sobre um tema de Bach (1987)
- S. BACH: Cânone Modulante *
- S. BACH: Cânone a 2 Per motum contrarium *
- PAWEL SZYMANSKY: Gigue (2006)
- S. BACH: Cânone Perpetuus Super Thema Regium * PAWEL SZYMANSKY: Gigue (2006)
- S. BACH: Canon a 2 violini al unísono * PAWEL SZYMANSKY: Gigue (2006)
- MATEO SERVIÁN SFORZA: Cromatropo [0, 49, 83] (2024) (Estreia mundial)
* Da Oferenda Musical de J.S. BACH, transcrita e instrumentada por SEBASTIÁN GANGI
- Sábado, 14 de setembro 17h00 no Centro Cultural Recoleta da Cidade de Buenos Aires