SOMA – Corpos em espaço aberto consiste na estreia, colocação no espaço, filmagem e posterior reflexão de três novas obras que conformam uma série com profundos interesses em comum ao mesmo tempo que tem semelhanças na sua “colocação em cena no espaço”. São propostas que vão além da própria música, da idéia de espectador, de escuta, de instrumento musical; obras que abrem horizontes novos, que expandem os limites da escrita, da experiência acústica e da relação entre corpo, espaço e som.
Na “Instrução” 3 de Alan Manríquez, um objeto com instruções propicia um evento; um ser humano sob uma árvore cheia de pássaros, que chiam, assobiam e trinam, manipula seu aparelho auditivo enquanto observa o ocaso. Para o sujeito, o sol e o horizonte se convertem em sinal de tempo; suas relações de proximidade, em sinais para exercer mudanças sobre seu corpo; mudanças que formam ao som que escuta; O ato de escuta torna-se assim um em que o sujeito intervém nessa experiência, não a partir de manipular as fontes, mas de manipular-se a si mesmo.
Em “Sísifo” de Samuel Cedillo, Sísifo sobe eternamente uma roda metálica que em seu interior contém uma série de objetos sonoros. Sobe uma colina, enquanto sobe, murmura para si, num diálogo interior, vai refletindo sobre sua condição; enquanto baixa, continua murmurando, desta vez, reflete sobre os murmúrios distantes dos homens, lá em cima, fora, sobre a superfície terrestre, a quem tem escutado, geração após geração, nascer, andar, cair e morrer uma e outra vez. O público existe ou não, pode ou não haver uma testemunha; Sísifo já está subindo sua roda antes da chegada de qualquer espectador, Sísifo continua mesmo depois da partida do último espectador. Sísifo sobe, para si, murmura para si, eternamente. O corpo deste Sísifo não agirá, não representará, não fingirá: encarnará a sua tragédia, por sua vez, encarnará, como metáfora, a tragédia humana.
Em “Caminho” de Andrés Guadarrama, um indivíduo realiza uma caminhada a campo aberto portando uma vestimenta que cobre a totalidade de seu corpo. A vestimenta é composta por múltiplas camadas de objetos que se movem e soam ao caminhar. O indivíduo reconhece o ambiente em que se move: o vento sacode-o, um rio arrasta-o, dança com as folhas das árvores que estão sobre ele, seu corpo range como as rochas que escala. Conforme avança se despoja de cada camada de sua vestimenta, como único registro de sua experiência. O indivíduo fica nu, totalmente dedicado ao seu ambiente, em comunhão com ele.
As versões cinematográficas das três peças serão realizadas por Flor Malfatto.
5 de abril, 19:00 horas (horário do centro do México):Instrução 3 para uma escuta sob árvore com pássaros de Alan Manríquez
6 de abril, 19:00 horas (horário do centro do México): Sísifo para corpo com roda sobre colina de Samuel Cedillo
07 de abril, 19:00 horas (horário do centro do México): Caminho para corpo andante em espaço aberto de Andrés Guadarrama
08 de abril, 19:00 horas (horário do centro do México): conversatório moderado por Nicolás Varchausky da Escola Universitária de Artes de Quilmes, Argentina
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